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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pai


Que saudades do meu amado pai,
Lembro da sua voz, que dizia assim:
- Pequena menina, meu grande sonho,
É ver-te feliz, sempre risonha.

Meu pai querido ensinou-me a fazer
Capuchetas e a empinar pipas,
Fazia das minhas garatujas,
Grandes leituras e imaginava que eram livros que eu escrevia...

Gostava de escutar o pulo do gato no rádio
E amava as músicas do Roberto Carlos.
Tinha uma vitrola e muitos discos,
Adorava as valsas vienenses, mas trazia no coração o fado...

Às vezes pedia com carinho:
-Dança menina comigo...
Mas logo se arrependia,
Eu ficava mais cantarolando e dava-lhe tantos pisões... Que ele desistia...

Meu pai descendente de portugueses,
Não se esquecia de como sua família chegara aqui.
Sempre me contava muitas histórias,
Algumas eram tristes, outras me faziam rir...

Gostava de fazer tortas,
Eu acompanhava com olhos de gula...
Mas meu pai dizia:
-Nessa massa você não toca!

Ali eu ficava com os olhos de burca,
Admirada com tamanha prática,
Era uma guloseima só, mas meu pai não agüentava,
E sorrindo me pedia: ajude-me a abrir essa massa e assim eu fazia.

Ah! Que saudades! Às vezes quando eu estava tocando,
Ele me pedia: - Toca aquela valsa “Branca”...
E eu procurava me concentrar para poder deixar meu pai contente,
E quieto ele ficava e ao final de tudo falava: Que bela música, minha filha!

Mas um dia algo aconteceu...
Meu pai tão querido perdeu o brilho e a alegria que trazia em seus olhos,
Eu quis entender e questionar...
Porque a dor e a tristeza reinavam em seu olhar.

Hoje entendo bem, sei o que é isso...
Cuidamos do meu pai... Mas num desses momentos
Ele me abraçou e disse:
-Minha filha, nunca deixe ninguém dizer que você não é amada!

Eu senti nesse abraço que ele se despedia,
Dali em diante entregou-se ao vicio, maldito vicio,
E eu lutava para não deixar acontecer o que já previa,
Triste e com dor, meu pai não suportou e eu o perdia...

Chorei, chorei muito!
Mas fiz uma promessa a ele,
Por acreditar em mim, por amar-me tanto,
Sempre lutarei pelos meus sonhos!

Te Amo Pai! Saudades sem fim. Dili
Edileuza Vieira 09/08/2009

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